domingo, 16 de maio de 2021

Leituras de Maio 2021 - Nosso Reino 5


 Ganhei como um dos presentes do dia das mães.

É uma fábula narrada por uma criança, Benjamim, vivendo em um vilarejo de pescadores.

Primeiro contado meu com o autor.

Minha dificuldade com a leitura se deu pela linguagem pois o livro está escrito em português de Portugal e não consegui a princípio me familiarizar com escrito. Mas valeu a leitura e recomendo.

 

Tema: Leituras de Maio 2021 (5)

 

Título: Nosso Reino

Autor:  Valter Hugo Mãe com ilustração de Eduardo Berliner

País: Angola - Saurimo

Páginas: 184

Avaliação: 4/5

Término da leitura: 16/05/2021

Biblioteca Azul – SP - 2018

34/100 2021 #desafiodos100livrosemumano

 

 

O  Autor

Nascido em em Saurimo - Agola em 1971. É editor, cantor, artista plástico, poeta e escritor.

 

A Obra

A vida narrada pelo olhar de um garoto de oito anos tentando descobrir as diferenças entre o bem e o mal usando como parâmetros de seu julgamento a fé dos adultos ao seu redor.

Conta ainda para formular suas ideias com as brincadeiras entre as outras crianças e o seu jeito todo especial de ver o mundo ainda que ao seu redor existam a pobreza e a violência doméstica. Sem contar as condições sociais e políticas pelas quais passa o país em que vive.

 

 Considerações

1.      O livro é todo escrito em letras minúsculas.

2.      O conteúdo é uma lenda contada por um garoto de oito anos.

3.      A capa ilustra a visão de mudo do garoto e de tudo ao seu redor.

4.      Primeiro livro do autor.

5.      Também é a primeira vez que leio algo deste autor.

 

Citações

1.      No exato momento em que caí, alguém chamou a morte, alguém morreria.  Página 24

2.      Mas livrar o mundo da morte seria o perdão. Página 27

3.      Vamos todos morrer, agora que descobrimos o segredo da morte, vamos todos morrer. Página 33

4.      O que eu via era o que já sabia lá de longe, que aos mortos dá-se terra e silêncio. Página 46

5.      Não percebes, é constante, estaremos sempre assim, a pecar e a pedir perdão, porque tudo em nós é imperfeito e incompleto. Página 99

6.      A cura de um santo é a da alma, o corpo é terra com sangue e fluxo, e o pó anseia por ele como ele pelo pó. Página 100

7.      Eu sempre via a morte como preparo de refeição para a boca de deus, insistia. Página 108

8.      Pensei também que um homem bater numa mulher era algo porco, o mais porco dos actos, porque vinha da covardia e mostrava o espírito demente de quem achava na violência uma força aceitável.  Página 115

9.      O pior vinha nos dias em que o pão não chegava e o leite acabava. Página 124

10.  Um sonho é só um anseio ou um receio, não é a verdade. Página 157

11.  E quem sabe a natureza toda junta seja deus, disse-lhe eu. E ela esfregou-me a cabeça e sorriu. Página 170

12.  Toda a matéria se abre à força da alma. E se o corpo se abrir é ela quem surge e se liberta. Página 173

 

 

Gostou? Leia o livro. Curta o blog. Compartilhe. Recomende.

Bjos.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Leituras de Maio 2021 - Torto Arado

 

Antes de mais nada, qualquer comentário que faça sobre essa obra e este autor será muito restritivo ante a grandiosidade dessa narrativa.

É tão tocante essa história pois conduz a toda a ancestralidade do povo negro na cultura brasileira.

O livro traz reflexões sobre o direito a terra, o direito a colheita para aquele que a cultivou.

A condição da violência contra a mulher.

Da violência provocada pela privação e pela fome.

Saber que o povo, que o pobre é oprimido e submetido a toda sorte de perseguição. A toda sorte de injustiças.

Pensar diferente do seu patrão pode levar até a morte.

Crer em um Deus que não seja o de seu patrão pode conduzir uma população inteira para a morte pela falta de um curador, de um médico, de um professor.

Mesmo com todas essas limitações minhas para descrever essa obra maravilhosa fiz uma síntese.

Tema: Leituras de Maio 2021 (4)

 

Título: Torto Arado

Autores:  Itamar Vieira Junior

País: Brasil

Páginas: 264

Avaliação: 5/5

Término da leitura: 11/05/2021

Editora Todavia – SP - 2019

33/100 2021 #desafiodos100livrosemumano

 

O  Autor

Nascido em Salvador em 1979, é professor de geografia e doutor em estudos étnicos e africanos.

 A Obra

Publicada em 2019, recebeu os Prêmios Leya 2018, Jabuti e Oceanos.

Um acidente transforma a vida de duas irmãs. Para cada uma um destino distinto. Famílias de agricultores, trabalhadores rurais, pretos,  subjugadas pelos latifundiários. Aqueles que cultivam e aram a terra não tem direito sobre o alimento produzido. Tão pouco tem direito a salário ou moradia digna.

As crenças religiosas de um povo e as crenças impostas pelo dono da terra. Os sonhos de cada um e os destinos garantidos.

A perseguição sobre os que contradizem as ordens dono da terra.

A luta constante sobre o direito à própria vida.

Todos esses aspectos narrados por Itamar Vieira Junior de forma espetacular.

 

 Considerações

1.      Primorosa a escrita do livro.

2.      Fascina o conteúdo, a narrativa, os personagens.

3.      A capa muito bem desenhada.

 

Citações

1.      Nunca havia pensado que tinha sido parida pela terra. A terra paria plantas e rochas. Paria nosso alimento e minhocas. Às vezes paria diamantes, escutava dizer - Página 72

2.      “de seu movimento virá sua força e derrota”. Página 81

3.      Pensei nas palavras de Severo sobre a situação de nossas famílias na fazenda. Que a vida toda estaríamos submissos, sujeitos às humilhações, como a pilhagem do nosso alimento. Que eu tinha um papel nisso tudo, e que meus pais precisavam de mim para mudar de vida. Página 86

4.      Dentre as coisas que levava, e talvez a que mais me machucava, era a minha língua. Era a língua ferida que havia expressado em sons durante os últimos anos as palavras que Belonísia evitava dizer por vergonha dos ruídos estranhos que haviam substituído sua voz. Página 87

5.      Durante algum tempo, pensei que pudesse haver uma ruptura entre nossas famílias, mas o perdão aflorava da bênção que poderia ser o retorno de alguém de qual somos parte. Página 131

6.      Todo esse ambiente hostil, onde faltava água, mas sobrava violência, foi se tornando a paisagem dos primeiros anos de sua vida como homem. Página 182

7.      Está vendo esse mundão de terra ai? O olho cresce. O homem quer mais. Mas suas mãos não dão conta de trabalhar ela toda, dão? Página 186

8.      Olhei com certo encantamento o tempo caminhando, indomável como um cavalo bravio. Página 195

9.      O diamante se tornou um enorme feitiço, maldito, porque tudo que é bonito carrega em si a maldição. Página 203

10.  Não há curador nem casa de jarê. Aos poucos vão desaprendendo, porque há muitas mudanças na vida de todos. Página 206

11.  Vi tanta crueldade ao longo do tempo, e mesmo calejada me comovo ao ver os homens derramando sangue para destruir sonhos. Vi senhores enforcarem seus escravos como castigo. Cortarem suas mãos no garimpo por roubarem um diamante. Acudi uma mulher que incendiou o próprio corpo por não queres ser mais cativa de seu senhor. Página 207

12.  Outro fez do corpo de seu escravo um reparo para o barco imprestável em que navegava. Entrava água na embarcação. O barco chegou ao seu destino com um homem afogado. Página 207

13.  Nessa jornada percebeu que a vida além da Água Negra não era muito diferente no que se referia à exploração. Página 214

14.  O povo vagou de terra em terra pedindo abrigo, passando fome, se sujeitando a trabalhar por nada. Se sujeitando a trabalhar por morada. A mesma escravidão de antes fantasiada de liberdade. Página 220

15.  O sofrimento era o sangue oculto a correr nas veias de Água Negra. Página 247

16.  Então sentiu que desde sempre o som do mundo havia sido a sua voz. Página 248

17.  Cada mulher sabe a força da natureza que abriga na torrente que flui de sua vida. Página 260

 

Aos que leram o que escrevi. Aos que leram a obra. Deixem seus comentários, curtam, compartilhe, Bjos.

 

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