Sétimo livro que leio em 2022.
Segundo livro de Conceição Evaristo.
Com sua escrita reveladora das realidades com as quais conviveu de perto, retrata em seus contos as questões sociais vivenciadas pelos homens do povo que renegados pela sociedade possuem vida própria e por vezes com a dor profunda de sua consciência social socorre-se do sonho para sobreviver.
Leituras de Fevereiro 2022 (7)
#desafiodos24temas2022
Fevereiro Tema: 4. Livro de autor(a) brasileiro(a)
Título: Olhos D’água
Autor: Conceição Evaristo
#desafioestadosBR 2022
País: Brasil – Estado – Minas Gerais (4)
Páginas: 116
Editora Pallas – Fundação Biblioteca Nacional – 2016 - RJ
Avaliação: 4/5
Término da leitura: 01/02/2022
#desafiodos100livrosemumano 07/100
#vailendo2022 – Escritor(a) Negro(a) 07/25
Autora
Linguista e escritora Brasileira nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Figura entre as mais profícuas escritoras brasileiras.
Focada em Literatura comparada.
Escreve contos, poemas, ensaios, romances.
Oriunda de uma família pobre e numerosa viveu durante um período na extinta comunidade Pindura Saia em Belo Horizonte.
Trabalhou como empregada doméstica enquanto estudava o Curso Normal.
Estudou Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Em Niterói foi professora da Rede Municipal de Ensino após aprovação em concurso público.
Em 2011 concluiu o doutorado em letras-literatura comparada, pela Universidade Federal Fluminense.
Obra
Coletânea de Contos.
Olhos D’água é o conto de abertura do livro.
Todos os contos narram a violência urbana, a pobreza, a vulnerabilidade social em que se encontra submetida a população negra dentro de uma sociedade onde faltam empregos, educação, amor, acolhida.
Apresenta personagens tão reais que é impossível não se identificar ou identificá-los ao nosso lado diariamente.
Considerações
A narrativa é envolvente.
Impossível parar de ler.
Personagens reais.
Citações:
- De que cor eram os olhos de minha mãe?
- Lembro-me de que muitas vezes quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse ali apenas o nosso desesperado desejo de alimentos. Página 11
- A mãe então espichava o braço que ia até o céu, colhia aquela nuvem, repartia em pedacinhos e enfiava rápido na boca de cada um de nós. Tudo tinha que ser rápido, antes que a nuvem derretesse e com elas os nossos sonhos se evaecessem também. Página 12
- Mãe, qual é a cor úmida de seus olhos?
- Se as pessoas não andam é preciso ter asas para voar. Página 20
- Por maior que fosse a dor, era proibido sofrer. Página 22
- Duzu continuava enfeitando a vida e o vestido. Página 23
- Maria queria tanto dizer ao filho que o pai havia mandado um abraço, um beijo, um carinho. Página 26
- Agora teria um filho que seria só seu, sem ameaça de pai, de mãe, de mãe, de Sá Praxedes, de companheiro algum ou de patrões. E haveria de ensinar para ele que a vida é viver e é morrer. É gerar e é matar. Página 30
- Não, não era a ostentação que aquele amor pedia. O amor pedia o direito de amar, somente. Página 32
- Havia quase um ano que a felicidade lhe era servida em conta gotas. Pagina 32
- A corda bamba do tempo, varal no qual estava estendida a vida, era frágil, podendo se romper a qualquer hora. Página 43
- Ela ia dar um tempo para ela. Pagina 44
- E então, não experimentavam somente as balas adocicadas, suaves que derretiam na boca, mas ainda aquelas que lhes dissolviam a vida. Página 48
- Deus-menino, Lumbiá morreu! Página 54
- A morte incendeia a vida, como se essa estopa fosse. Página 63
- Um pouco de saber basta. O saber compromete, pensou. Página 64
- A palavra que não se escreve, pois escrita está na palma e na alma de cada um. É precido trazer sempre a mão aberta. Página 66
- Quando choro diante da novela, choro também por outras coisas e pela vida ser tão diferente. Página 65
- A morte às vezes tem um gosto de gozo? Ou o gozo tem um gosto de morte? Página 66
- Deve haver uma maneira de não morrer tão cedo e de viver uma vida menos cruel. Página 68
- Minha mãe sempre costurou a vida com fios de ferro. Tenho fome, outra fome. Página 68
- Quero contagiar de esperanças outras bocas Página 68
- Eu sei que não morrer, nem sempre é viver. Página 68
- Escrever é uma maneira de sangrar. Página 68
- E quando a dor vem encostar-se à nós, enquanto um olho chora o outro espia o tempo procurando a solução. Página 71
Já leram?
Gostaram?
Comentem.
Divulguem.
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